Alienação.
A alienação tem por significado o processo em que a consciência se torna estranha a si mesma, afastada de sua real natureza. Deixar de ser alienado pode fazer com que questionemos a nossa realidade, nos faz ter a práxis, no sentido marxista de unir teoria e prática para mudar o mundo, alterar a nossa realidade. Entretanto é cada vez mais complicado o processo de reflexão, pois somos dragados por uma lógica que domina a nossa vida. Nem bem abrimos os olhos ao despertar e nossa mente já está nos lembrando dos compromissos que temos, nossas responsabilidades, nossos objetivos e metas que nós mesmos colocamos, mas que não paramos para pensar qual é o real efeito deles, e se realmente nos faz bem. A lógica nos obriga a sermos empreendedores de nossas vidas, e afim de que tenhamos as condições materiais para comprar temos que trabalhar, estudar e progredir e se não conseguimos a culpa é individual. Desta maneira agimos com um olhar único, uma visão que nos cega. É como o antolho (viseira) de um cavalo que o obriga a olhar somente para a direção daquele que está em seu lombo, e o ordena através de chamados com uma violência simbólica ou através do chicote com a violência física. Refletir e questionar a ordem tem seu preço, pois o sistema automaticamente excluí quem pensa diferente, e como diria Bauman, a sociedade de consumo entrega aquilo que promete. Estranho pensar isso, mas as redes sociais e seus grupos servem para mostrar como o interesse comum de determinado assunto serve para aglutinar aqueles de opinião próxima e afastar outros que divergem da opinião do grupo. Reproduzimos essa lógica nas nossas microrrelações e não notamos. A sociedade cada vez mais segmentada, que nos da ilusão de pertencimento a determinado grupo homogêneo de pensamento gera uma atitude de autoproteção do grupo, proteção da “matilha”. Assim praticamos atitudes sem as quais realmente paramos para pensar se concordamos, mas o nosso desejo de sentir contemplado, incluído em um grupo é muito maior. Não é simples pensar diferente. Será que é melhor não pensar e ficar com o sentimento de “identidade” que a nossa sociedade calcada no consumo oferece?
18 de dezembro de 2017 at 18:35
Preciso ser honesta e dizer que ando com um pouco de raiva da palavra “alienação”. Simplesmente porque ela virou “arma” nas bocas de quem não aceita uma opinião contrária, nas bocas de quem prefere culpar uma emissora por todos os problemas do mundo e por aí vai. Eu cheguei a um ponto que pouco gosto de opinar abertamente nas redes sociais, porque os outros não sabem lidar com a contrariedade.
Pensar diferente é difícil mesmo. Ser diferente é mais difícil ainda.
Ótimo texto para se refletir. Beijos
https://almde50tons.wordpress.com
CurtirCurtir
19 de dezembro de 2017 at 01:34
Pensar diferente é interessante, de uma forma geral, mas as vezes me pego com um dilema diferente.
Vejo uma galera com uma soberba muito louca. Uma soberba diretamente ligada com o pensar diferente.
É importante lembrar que, “pensar diferente” não significa, necessariamente, “pensar melhor”.
Não adianta ter um pensamento super diferenciado, se você só tem ele. Nesse caso, você tem o mesma quantidade de escolhas possíveis do que alguém que só tem o pensamento hegemônico. Isso não é senso crítico.
Não sei onde eu queria chegar. Só dei uma divagada aqui.
Bom texto.
Um abraço
CurtirCurtir
19 de dezembro de 2017 at 13:49
A grande verdade é que apesar das tecnologias nos ajudar bastante, meio que nos transformou em zumbis. Mas ao mesmo tempo eu acho que super hipócritas essas pessoas que culpam a tecnologia por todo o mal da humanidade, mas essas mesma pessoas não vivem sem o celular.
CurtirCurtir
19 de dezembro de 2017 at 17:02
hj em dia eu acho que as pessoas estão cada vez mais alienadas e fazem questão de mostrar isso. uma pena
CurtirCurtir
19 de dezembro de 2017 at 22:53
Belo texto, excelente reflexão. Não está difícil de perceber o quanto de verdade está nas linhas acima. Acredito que todos, se não por própria experiência, conhece alguém que sofreu com vibrações desalinhadas, quando se colocou em posição de questionar o oposto do que lhe mostraram. O véu que há numa sociedade hábil em ilusões, só pode ser mais humana, na medida que a coragem nos corações dos que ainda não se viram entorpecidos pelo veneno do ego, conseguir romper a anestesia coletiva.
CurtirCurtir